terça-feira, 6 de novembro de 2007

Rosas ao preconceito

“Não”. Foi com essa palavra que ela transformou a história dos direitos civis nos Estados Unidos. Tudo o que Rosa Parks queria era voltar para casa tranqüilamente após uma tarde de trabalho. A costureira negra de 42 anos acabou o dia na prisão.

O ano era 1955. Na cidade de Montgomery, estado do Alabama, as leis racistas imperavam. Não era diferente em todo o sul do país. A escravidão havia sido abolida há quase um século (1865), mas, na prática, pouca coisa mudou. Dentre as exigências da ignorância, estava a de que os negros deviam sentar-se somente nos bancos traseiros dos ônibus e, se o veículo estivesse lotado, deveriam ceder o lugar aos brancos.

Rosa Louise McCauley nasceu no Alabama em 1913. Filha de uma professora, ela aprendeu desde cedo a importância dos valores humanos. “Minha mãe era professora em uma pequena escola, ela acreditava em liberdade e igualdade para as pessoas.” Após concluir os primeiros estudos, Rosa mudou-se para Montgomery com seu marido, Raymond Parks. Lá, em 1943, juntaram-se à National Association for the Advanced of Colored People (NAACP), entidade que defendia o direito dos negros. “Eu trabalhei em inúmeros casos com a NAACP, mas nós não tínhamos publicidade. Era mais uma questão de tentar desafiar o poder e deixá-lo saber que nós (os negros), não queríamos continuar sendo cidadãos de segunda classe”, declarou, em entrevista ao site www.achievement.org.

Aconteceu no dia 1º de dezembro de 1955. A costureira saiu do trabalho numa loja de departamentos e sentou no primeiro banco para pessoas de cor, no meio do ônibus. Três paradas mais tarde, o veículo encheu e faltou lugar para um homem branco. Como regia a lei, o motorista ordenou que quatro passageiros negros se levantassem. Rosa recusou. Foi considerada culpada, teve que pagar fiança para sair da cadeia e perdeu o emprego.

O episódio de 1955 não foi, contudo, algo novo em sua vida. Ela sempre lutou pela igualdade de direitos. O que aconteceu naquela tarde de 1º de dezembro foi uma inevitabilidade. “O incidente não foi planejado, mas já era esperado por causa de toda a tensão que havia entre negros e brancos na época”, confessou a costureira em uma entrevista dada pouco antes de morrer à revista Aventuras na História.

Seu pequeno gesto resultou num boicote geral dos negros à empresa de ônibus da cidade. Sob a liderança de um então desconhecido pastor local, Marin Luther King Jr, a população negra de Montgomery ficou 381 dias sem pisar num coletivo. “Nós tínhamos outras opções, como ir a pé ou de carona para o trabalho. Já o sistema de transporte não, pois poucos brancos andavam de ônibus. Sem os negros, os prejuízos foram enormes”, afirmou Rosa. O resultado do protesto foi significativo. Em 21 de dezembro de 1956, a Suprema Corte norte-americana declarou inconstitucionais as leis racistas do Alabama.

Em 1957, devido a constantes ameaças de morte, Rosa mudou-se com seu marido para Detroit, no estado de Michigan. Trinta anos depois, criou o Instituto Rosa & Raymond Parks para o Autodesenvolvimento. Na organização, a viúva (Raymond faleceu em 1977) e uma equipe de voluntários trabalham com mais de seis mil crianças e jovens entre 11 e 17 anos. Como Rosa bem define, “nosso trabalho é fazer com que cada um descubra o que há de melhor em si mesmo”.

Ao refletir sobre os acontecimentos mais marcantes de sua vida e do mundo em geral nos últimos 48 anos, Rosa tem consciência de que ainda há muito a ser feito. “Vivíamos uma segregação racial legalizada e andávamos de cabeça baixa. Os brancos pensavam que eram superiores e não houve um único dia em que eu não tenha me sentido humilhada. Hoje temos os mesmos direitos que eles. Mas ainda há muita desigualdade e injustiça. O caminho é longo.” E, para ela, certamente o caminho foi extenso. O reconhecimento pelo seu esforço, porém, foi tão nobre quanto as ações que realizou em vida. Entre dezenas de prêmios, Rosa recebeu do então presidente Bill Clinton, em 1999, a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior condecoração oficial que um civil norte-americano pode almejar.

Na noite do dia 24 de outubro de 2005, aos 92 anos de idade, a pioneira morreu por causas naturais. Seu enterro foi comparável ao de uma autoridade, contando, inclusive, com a presença do presidente George Bush. A vida e a obra humanitária da “mãe do movimento dos direitos civis”, como ficou conhecida, não será jamais esquecida. Ao menos todo dia quatro de fevereiro ela será lembrada no estado de Michigan. Às segundas-feiras, após essa data, é sempre feriado. É o Dia de Rosa Parks.


Fotos: achievment.org

6 comentários:

Samir Oliveira disse...

Tá bom, tá bom.. é um texto jáQ.. mas eu quero mesmo é me redimir pela precária diagramação. Os blogueiros devem saber que as ferramentas do Blogspot não fazem milagres, então, desculpa se alguém não conseguir ler as legendas :(

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

eu ia justamente dizer que era um jáQ pra aula do tibério...e olha que eu nem tenho aula com ele e sei disso hein! hehehe
devo ser ignorante, pois não sabia da história dela...
beijo

Rô Peixoto disse...

Sabe, é lutando que se vai pra frente! Lição de vida, com certeza!


Não conhecia esta história, mas bem interessante!

Beijos!

Luana Duarte Fuentefria disse...

Eu conhecia parte dessa história. Um exemplo de que um gesto tão simples pode mudar muita coisa.

Mas e esses blogs que só andam com textos JáQ, hein?! ai ai...

Samir Oliveira disse...

Luana, é a correria do final do semestre. Daí tenho que aprofeitar o material já feito né!? jáQ eu fiz...ehehehe ;)

Anônimo disse...

Sim sim! Perfeitamente compreensível, senhor Samirro!
Mas adorei o texto! Me chamou atenção o título.

Luana