Se eu fosse mulher, seria uma ladra. Uma assaltante de bancos, mais especificamente. As mulheres são tolas, ainda não perceberam o enorme potencial que possuem. Há todo um nicho mercadológico feminino para as que quiserem seguir carreira.
Aconteceu ontem, antes de ontem e sempre. Vem acontecendo há um ano, desde que abri contas em duas redes bancárias do país. Primeiro, vem o apito. Em seguida, uma voz metálica e acusadora denuncia: “Você está portando objetos metálicos, coloque-os no compartimento ao lado e tente novamente.” Mas as chaves e o celular já estão no tal compartimento. O que é que falta, afinal? É aí que acontece. Abro a mochila e, não satisfeitos, os seguranças ordenam que eu folheie o caderno e revele tudo o que há nos seus compartimentos. Todas as folhas soltas e amassadas, os pacotes de chicletes e bolachas recheadas são expostos. Livros, contas para pagar, nada passa despercebido ao olhar atendo dos guardas. “Tudo bem”, penso, “afinal é o procedimento padrão deles, é para a segurança do banco”. Após o penoso processo, que provavelmente irrita a todos os que estão esperando, posso finalmente entrar no paraíso capitalista.
O clima de uma agência já não é muito confortável. Aquele cheiro de ar artificial, os caixas milimetricamente organizados e o excesso de sinalização produzem um misto de segurança e desconforto. Como se tudo estivesse perfeito, esperando por você. Até cafezinho eles oferecem! Até você fazer sua conta, é claro.
Mas a surpresa maior é a facilidade com que as mulheres têm acesso ao local. Se a voz acusa que um homem está portando objetos metálicos, ocorre todo o criterioso método já descrito para a revisão. Entretanto, se uma mulher é denunciada, o segurança lança um olhar complacente e permite que a dama se dirija ao balcão de atendimento. A revisão, no máximo, restringe-se a uma olhada não muito discreta nas curvas suntuosas da fêmea, se ela as possuir, é claro. Ela poderia facilmente portar uma arma e mesmo assim entrar. Idosas, então, sequer são olhadas. Passam direto, como se a porta não existisse. Imagine, se eu fosse uma velha, ganharia a vida assaltando bancos. Sem mais problemas financeiros. Afinal, quem suspeitaria de uma senhora aparentemente inocente ou das curvas bem delineadas de uma jovem estagiária? E as mulheres ainda reclamam mais direitos! Já possuem até o direito de roubar! O que mais falta reivindicar? Ainda bem que não se dão conta do poder que têm nas mãos. Ou melhor, nas curvas. Caso contrário, nem a década de 70 veria tantos assaltos a banco. Seria o fim do capitalismo moderno.
Estupefato, resigno-me a minha inferioridade de macho. Espécie recessiva e minoritária. Falho de curvas suntuosas e de regalias em agências bancárias. Eternamente sujeito a humilhações mochilescas para poder pagar uma conta.
Aconteceu ontem, antes de ontem e sempre. Vem acontecendo há um ano, desde que abri contas em duas redes bancárias do país. Primeiro, vem o apito. Em seguida, uma voz metálica e acusadora denuncia: “Você está portando objetos metálicos, coloque-os no compartimento ao lado e tente novamente.” Mas as chaves e o celular já estão no tal compartimento. O que é que falta, afinal? É aí que acontece. Abro a mochila e, não satisfeitos, os seguranças ordenam que eu folheie o caderno e revele tudo o que há nos seus compartimentos. Todas as folhas soltas e amassadas, os pacotes de chicletes e bolachas recheadas são expostos. Livros, contas para pagar, nada passa despercebido ao olhar atendo dos guardas. “Tudo bem”, penso, “afinal é o procedimento padrão deles, é para a segurança do banco”. Após o penoso processo, que provavelmente irrita a todos os que estão esperando, posso finalmente entrar no paraíso capitalista.
O clima de uma agência já não é muito confortável. Aquele cheiro de ar artificial, os caixas milimetricamente organizados e o excesso de sinalização produzem um misto de segurança e desconforto. Como se tudo estivesse perfeito, esperando por você. Até cafezinho eles oferecem! Até você fazer sua conta, é claro.
Mas a surpresa maior é a facilidade com que as mulheres têm acesso ao local. Se a voz acusa que um homem está portando objetos metálicos, ocorre todo o criterioso método já descrito para a revisão. Entretanto, se uma mulher é denunciada, o segurança lança um olhar complacente e permite que a dama se dirija ao balcão de atendimento. A revisão, no máximo, restringe-se a uma olhada não muito discreta nas curvas suntuosas da fêmea, se ela as possuir, é claro. Ela poderia facilmente portar uma arma e mesmo assim entrar. Idosas, então, sequer são olhadas. Passam direto, como se a porta não existisse. Imagine, se eu fosse uma velha, ganharia a vida assaltando bancos. Sem mais problemas financeiros. Afinal, quem suspeitaria de uma senhora aparentemente inocente ou das curvas bem delineadas de uma jovem estagiária? E as mulheres ainda reclamam mais direitos! Já possuem até o direito de roubar! O que mais falta reivindicar? Ainda bem que não se dão conta do poder que têm nas mãos. Ou melhor, nas curvas. Caso contrário, nem a década de 70 veria tantos assaltos a banco. Seria o fim do capitalismo moderno.
Estupefato, resigno-me a minha inferioridade de macho. Espécie recessiva e minoritária. Falho de curvas suntuosas e de regalias em agências bancárias. Eternamente sujeito a humilhações mochilescas para poder pagar uma conta.
9 comentários:
Só tu pra bolar um texto desses né Samir...me divirto!!! hehehe
adorei!
beijo
HAHAHA
muito bom... é..essas humilhações mochilescas são para os machos... a não ser que nós, mulheres, estejamos na puc, na qual encontramos uma categoria superior: os professores. É só aparecer uma manchinha de giz na roupa do indivíduo que eles têm passagem livre!! e preferência na fila!
ps: antigamente tinha em porto alegre uma gangue de velhinhos.
Ai ai... não sabia que cérebro privilegiado agora se chama "curvas". hehe
Agora descobri a razão de não gostar de agências! Muito bom.
Sorte que as mulheres são mais honestas!!
Além de mais inteligentes!
Beijos!
Bá Samir... espero que teu texto seja irônico e que os conceitos/preconceitos que constam dele não sejam a tua verdade. Exitem várias questões de gênero que estas atropelando neste texto. Parece um texto ingênuo e não é. Cuidado!
Giselda, o texto todo é uma grande brincadeira :)
Apenas me aproveitei de uma situação que de fato acontece (ao menos comigo) e alegorizei em um texto (um tanto quanto machista, é verdade). Mas eu não penso, de maneira nenhuma, que o artifício maior da mulher são as curvas. Como disse, apenas relativizei e brinquei com a situação. Reconheço que esse estilo irônico e jocoso pode mesmo ser perigoso se levado a sério e pode propagar alguns terríveis estereótipos. Valeu pela orientação.
Ok. Sem mais delongas...fico satisfeita em saber que foi um escorreg�o. Gosto de ler teus textos porque mostram o cotidiano, com teu posicionamento cr�tico. Este sem d�vida escorregou no final, seguindo os velhos cliches e esteriotipos que n�o ajudam em nada a luta das mulher para reconhecimento do seu trabalho e da sua luta cotidiana em um mundo feito para os homens. Estou escrevendo aqui pq n�o tenho teu email. um abra�o
samir! bolacha recheada????? tu já tá bem grandinho...
:o)
Vitor!! Parece o meu pai falando.. :( sou uma eterna criança quanto aos hábitos alimentares
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