segunda-feira, 30 de abril de 2007

E o cinema encontra a arte.

Pintura em movimento? Literatura ou cinema? Essas são apenas algumas questões que ficam na cabeça do público ao assistir Lavoura Arcaica, primeiro longa-metragem do diretor Luiz Fernando Carvalho. O filme é baseado na obra homônima de Raduan Nassar. Contudo, dizer que o filme se baseia na obra é relativizar a importância que o livro teve em sua produção.

Feito sem um roteiro rigoroso e utilizando as 196 páginas amareladas do livro como guia fiel, Lavoura Arcaica faz jus aos mais de vinte prêmios nacionais e estrangeiros que recebeu.

O diretor apostou em uma estética simples, porém perturbadora - assim como a trama que se passa. A fotografia, sob o comando de Walter Carvalho, talvez possa ser considerada o maior mérito do filme. É arriscado afirmar isso em uma produção com tantos traços peculiares. Longas falas (todas transcritas do livro), momentos que parecem ser infinitos onde somente a bela trilha sonora do compositor Marco Antônio Guimarães aguça os ouvidos, atuações perturbadoras e um misto de sentimentalismo e delírio dão ao espectador a sensação de estar apreciando o melhor do expressionismo de Van Gogh. A luz em pleno contraste com a sombra, formando por vezes imagens desfocadas, atiça ainda mais a angústia que cresce com o desenrolar dos acontecimentos.

Ao inciar a jornada para se libertar das amarras de uma família patriarcal, o descendente de libaneses André (interpretado por Selton Mello), no auge de uma juventude quase adulta, é protagonista de uma série de eventos que vão sendo revelados ao suave olhar de uma câmera que nada mais é do que o olhar do próprio André. O filho rebelde então se isola na penumbra de seus pensamentos para tentar compreendê-los. Ao abandonar o ambiente familiar, André busca o autoconhecimento em todos os seus apectos.

A trama ganha corpo quando o irmão mais velho penetra em seu mundo para persuadi-lo a voltar ao seio familiar. O irmão traz consigo todas as lembranças de uma infância inocente e de uma adolescência problemática, marcada pelo desejo proibido. André então remonta o quebra-cabeça de sua vida, oscilando entre a nostalgia pela e uma loucura sádica.

O filme foi gravado inteiramente em uma fazenda, onde o elenco passou várias semanas aprendendo a lidar com a terra, fazer pão, ordenhar e dançar como legítimos descendentes árabes. Tudo isso é fruto da dedicação extrema de Luiz Fernando, que, curiosamente, pode ser percebido na voz que narra os acontecimentos na mente de André.

Apesar de ser uma verdadeira aula de fotografia, Lavoura Arcaica é demasiado extenso e nem sempre a beleza de suas imagens e o fervor dos seus diálogos são suficientes para manter a audiência cativa. Porém, não é exagero afirmar que constitui uma das mais belas produções do cinema brasileiro.

domingo, 29 de abril de 2007

Apresentação

Esse blog é um espaço onde pretendo falar sobre o jornalismo na faculdade. Como estudante, criei o blog para expor meus trabalhos e também para abordar os mais diversos aspectos do jornalismo.