Não quero saber de guerra. Não quero saber do Bush, da Yeda, nem que o Bin Laden pintou a barba. Não quero ouvir sobre crise na saúde, crise na educação, crise na segurança... Essa lista infindável de mazelas que assola os jornais todos os dias não fará mais parte da minha vida.
Que se explodam os ditadores brasileiros que hoje estão soltos, jogando vôlei em alguma praia carioca. Só por hoje, fecharei os olhos e tentarei não ver o menino na rua pedindo esmolas. Tentarei não sentir o frio da senhora descalça que mendiga uns trocados no ponto de ônibus. Resigno-me a ficar na mais absoluta ignorância. O lixo nas ruas não vai me indignar. Sequer direi um “obrigado” hoje.
A África não merecerá mais um minuto dos meus pensamentos. Quero somente sol e uma boa sombra. Livros. Prazeres carnais, comida e sexo. Estou podre. Estou impregnado de um odor pútrido que vem lá daquela terra. De um lugar distante que só pode estar em outra dimensão. Em outro mundo. Num mundo onde não há filas em hospitais. Onde há comida para todos. Há estudo e trabalho. Onde a felicidade é geral.
Aquele lugar, que já nasceu mal, parece não querer mudar. As poucas pessoas boas que lá residem têm seu grito abafado por calhordas de todos os naipes. Reis, damas e valetes que nunca estão satisfeitos. Sempre acham um jeito de embaralhar as coisas, sempre têm uma carta na manga. Naquele mundo encantado, naquele pedacinho de Brasil construído do avesso, divido em asas, como se estivesse sempre pronto para decolar, há toda uma fauna riquíssima. Peixes, tartarugas, onças e araras multiplicam-se numa velocidade surpreendente. A única coisa em extinção parece ser o caráter e a honestidade. Claro, ainda há alguns remanescentes. Esses, sim, correm sérios riscos. Podem desaparecer a qualquer eleição.
Depois de saber que 40 pessoas - ao que tudo indica, em sã consciência - absolveram Renan Calheiros, nada mais me surpreende. Estou anestesiado, em coma cerebral. A bandeira branca está quase eriçada sobre mim. Me rendo, não me rendo, me rendo... As pétalas voam por entre os dedos. Murchas.
Que se explodam os ditadores brasileiros que hoje estão soltos, jogando vôlei em alguma praia carioca. Só por hoje, fecharei os olhos e tentarei não ver o menino na rua pedindo esmolas. Tentarei não sentir o frio da senhora descalça que mendiga uns trocados no ponto de ônibus. Resigno-me a ficar na mais absoluta ignorância. O lixo nas ruas não vai me indignar. Sequer direi um “obrigado” hoje.
A África não merecerá mais um minuto dos meus pensamentos. Quero somente sol e uma boa sombra. Livros. Prazeres carnais, comida e sexo. Estou podre. Estou impregnado de um odor pútrido que vem lá daquela terra. De um lugar distante que só pode estar em outra dimensão. Em outro mundo. Num mundo onde não há filas em hospitais. Onde há comida para todos. Há estudo e trabalho. Onde a felicidade é geral.
Aquele lugar, que já nasceu mal, parece não querer mudar. As poucas pessoas boas que lá residem têm seu grito abafado por calhordas de todos os naipes. Reis, damas e valetes que nunca estão satisfeitos. Sempre acham um jeito de embaralhar as coisas, sempre têm uma carta na manga. Naquele mundo encantado, naquele pedacinho de Brasil construído do avesso, divido em asas, como se estivesse sempre pronto para decolar, há toda uma fauna riquíssima. Peixes, tartarugas, onças e araras multiplicam-se numa velocidade surpreendente. A única coisa em extinção parece ser o caráter e a honestidade. Claro, ainda há alguns remanescentes. Esses, sim, correm sérios riscos. Podem desaparecer a qualquer eleição.
Depois de saber que 40 pessoas - ao que tudo indica, em sã consciência - absolveram Renan Calheiros, nada mais me surpreende. Estou anestesiado, em coma cerebral. A bandeira branca está quase eriçada sobre mim. Me rendo, não me rendo, me rendo... As pétalas voam por entre os dedos. Murchas.
9 comentários:
Noooossa!Faço das tuas, as minhas palavras, com os devidos créditos ao autor!!!Hhihuoehehaha
Mas sério, muuuito bom mesmo o texto!
Legal mesmo!
AHAM...eu assino em baixo e marco com impressão digital^^!!!
absurdo!
saudade,
bjão!
Belo texto! Muito embora não seja de todo uma surpresa a absolvição de Renan pra mim. A soberania se foi há algum tempo, e qualquer desculpa esfarrapada que seja dada é bem-vinda. O povo se acostumou a isso, infelizmente.
Fico tranqüilo em saber que o futuro intelectual do país (pelo menos isso) estará em boas mãos! Se mais alguns intelectuais aparecerem com essa visão límpida de nosso estado político e social, se tiverem força para reverter esse quadro e forem à luta... poderemos (daqui uns 20 anos) revolucionar nosso modo de ver e agir nesta sociedade. Por enquanto, somos fantoches... mas as cordas já estão enfraquecidas!
Realmente, um belo texto, garoto!
Fico cada vez mais orgulhoso de você!
Um grande abraço!
Faço minha tuas palavras.
E até perdi a coragem de escrever um texto sobre o assunto. Tava pensando hoje na possibilidade...
Samir estraga prazeres de novo!!! :P
Sabe que quando eu vi que absolveram ele, pensei: isso vai render um post pro Samir!
Mas não imaginei que sairia tão bom!!!
Concordo em Gênero, número e grau!!
Beijos!
Impossível não concordar!
Que pena que é só por um dia que a gente pode fechar os olhos pra tantas mazelas em um mesmo país.
Amanhã já é hora de abrí-los novamente. Assim, quem sabe, ainda conseguiremos mudar (ou pelo menos tentar) o quadro caótico brasileiro.
Belo post!
Beijos
Perfeito o texto caro colega!
Não quero ser repetitiva, mas o meu sentimento é o mesmo que o teu e dos outros que comentaram acima.
Um beijo!
depois da palestra do diogo mainardi, renan é fichinha...
vamos nos mudar para a Suécia?
Que mania é essa agora da Liza de querer ir pra Suécia? hahaha
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