No terreno lamacento da política, tudo é possível. Deputados escolhem o valor dos próprios salários, trabalham três dias por semana e trocam de partido como quem troca de roupa. Nesse caso, a roupa simboliza não a ideologia, mas as intenções do parlamentar. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, por exemplo, manifesta sua maneira não-convencional de agir e pensar através dos excêntricos coletes que o tornam alvo até de manchetes na mídia. Mas isso não é parâmetro. Hoje em dia, até a vacinação de César Cielo contra rubéola rende foto colorida em jornal.
Em Porto Alegre não é diferente. Os candidatos tentam passar credibilidade através da roupa que usam. Luciana Genro, do PSOL, resolveu tirar a imagem de revolucionária feia e rabugenta para contabilizar mais votos. Não funcionou. Pelo menos não para ir ao segundo turno. Houve um impacto inicial, mas logo depois os cachos e o tom da candidata voltaram a encrespar.
Maria do Rosário, do PT, fez diferente. Continuou com as mesmas blusas e blazers em tons vermelho e rosa, mas tirou o sorriso do rosto. A petista vivia sorrindo. Falava sorrindo, criticava sorrindo. Soube até de um caso em que ela roubou a vaga de uma pessoa no estacionamento de um teatro e saiu, adivinhem, sorrindo! É uma inclinação quase monalística para a arte de sorrir.. Nos últimos dias, a candidata resolveu dar uma de séria para variar e deixar os sorrisos para o caso de ir ao segundo turno. Talvez seja a preocupação com a adversária Manuela D’Ávila.
Aliás, não tem como falar de estética das eleições sem falar da candidata do PC do B. Manuela, que já foi obesa na adolescência, traiu Lênin e Marx e adotou o roxo como cor oficial da campanha. A candidata encheu o armário de blusas roxas e esvaziou a campanha de qualquer coerência ideológica que o PC do B possa ainda ter. Mas todo mundo que já pegou num lápis de cor de duas pontas sabe: do lado do roxo, vem sempre o rosa. E a pretensa comunista ainda vai ter que dar muitas mãos de tinta roxa para apagar os tons rosados da sua coligação.
Já Vera Guasso, do PSTU, encarna o vermelho e estampa a foice e o martelo no peito. Por convicção, mantém o estereótipo de que mulher, para ser revolucionária, tem que ser malvestida e despreocupada de coisas fúteis como maquiagem.
E os homens? Esses não merecem comentário. A não ser pelo ministro Carlos Minc, todos se vestem igual. O estilo terno-e-gravata predomina no palanque masculino e banaliza qualquer análise sobre moda na disputa eleitoral. Até o Mano Changes teve que entrar nessa. As mulheres é que enfeitam a corrida pela prefeitura de Porto Alegre e transformam penteados e tecidos em poderosas armas para seduzir o eleitor com suas propostas.
sábado, 4 de outubro de 2008
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5 comentários:
ai, que inveja dessas tuas sacadas geniais.
"dar muitas mãos de tinta roxa para apagar os tons rosados da sua coligação". (!!!)
não tenho talento pra um comentário à altura. só posso dizer que agora fiquei mais aliviada de não precisar votar nessas eleições...
Samir!!!!
Isso não se faz num dia como hoje! Vou voltar pra Argentina!!!!!!
Lá a coisa é muito pior,tem tanto manifesto que ninguem nem nota mais!
Mas...lá gente fica achando o Brasil maravilhoso!Apesar da política, aqui as pessoas são sorridentes!!!
Adorei o teu texto! Bj
Samir, dei boas risadas com o teu texto!
ai, que inveja dessas tuas sacadas geniais. [2]
Vocês b[i]logueiros sabem me dizer porque raios isso nunca publica meu nome com letra maíuscula no início?
ah, querida tati, sei apenas copiar meu texto e colar no editor. o resto o blog faz! ehehe.. ele deve ter alguma coisa contra maiúsculas =P
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