segunda-feira, 5 de maio de 2008

Alice no país do futebol

Na segunda-feira do dia 5 de maio, a sala 206.05 do prédio 7 da PUCRS foi inundada. Não, não tem nada a ver com a torrente tresloucada que transformou o Rio Grande em cenário bíblico de dilúvio. Foi uma inundação sublime e delicada. Alice Bastos Neves, repórter esportiva da RBSTV, enxugou o marasmo pós-final de semana dos futuros jornalistas da turma 349 com uma conversa descontraída sobre esporte.

Formada em 2005 pela PUCRS, Alice nunca pensou que fosse trabalhar no meio esportivo. “Eu saí daqui (da faculdade) com a firme idéia de fazer jornalismo cultural”, confessa, e revela que sua monografia foi sobre a revista Aplauso. Também jamais lhe ocorreu atuar em outra mídia que não fosse a revista: “Na faculdade, o meu foco nunca foi a televisão”. Através de uma amiga e de um “conjunto de sorte, talento e dedicação”, Alice conseguiu uma vaga no cobiçado espaço da RBSTV.

Sem familiaridade nenhuma com campos, bolas, pistas e maratonas, a recém-formada de 23 anos começou acompanhando as equipes de reportagem no RBS Esportes, programa que busca dar maior visibilidade ao desporto olímpico gaúcho. Apesar de apenas dois anos de experiência na área, Alice já pode pendurar uma medalha de ouro em seu currículo. Em 2007, ainda meio-amadora, meio-veterana; foi ao Rio de Janeiro cobrir os jogos Pan-Americanos. “Uma coisa que me impressionou muito num grande evento foi a burocracia”, admite Alice, que, visivelmente, não faz o tipo cerimoniosa. Vestida com uma calça jeans azul justa, é possível notar a dança rítmica das unhas brancas acompanhando a blusa de gola alta da mesma cor enquanto gesticula.

Questionada sobre o espaço nada democrático dado a outros esportes na cobertura jornalística, Alice é taxativa: “O futebol envolve muito dinheiro e muita paixão”. E, com um ar mais confiante, ressalva: “Mas a gente está conseguindo abrir espaço”. Como lida rotineiramente com casos de superação, esforço e realização, a repórter-Alice não consegue se distanciar da pessoa-Alice. “Me envolvo absolutamente”, revela a jornalista. “Não tem como não se envolver, tu acabas criando uma relação de dia-a-dia com esses caras”, diz, referindo-se aos exemplos de superação de atletas gaúchos, como o caso do esgrimista João Souza, que já tem vaga garantida em Pequim.

Porto-alegrense natural de Pelotas, Alice não alimenta grandes ambições. No país do futebol, ela defende a bandeira dos jogos amadores. Queria cultura e, com o esporte, aprendeu que a vida pode tomar rumos inesperados e, nem por isso, menos interessantes. Cutucada sobre ser gremista ou colorada, Alice, como boa jornalista que pisa no tortuoso território dos gre-nais, apresenta um álibi incontestável: “Torço para o Brasil de Pelotas”.

12 comentários:

Rô Peixoto disse...

Humm... ela é a que tá substituíndo o pior narrador do mundo (o do feitoooo!)?
Acho que vi uma mulher esses dias e achei interessante!

Beijos!

Rô Peixoto disse...

Ahhh, quem é "ELA"?
Nem eu sei...

Luana Duarte Fuentefria disse...

Me identifiquei. Essa história de jornalismo cultural, revista e blá blá blá.
Será que meu destino tá no futebol? o.O

Liza Mello disse...

bah, tri bom!e não adianta: nem qdo tu quer fazer um texto mais tradicional tu consegue deixar as metáforas de lado! o almir, o gliberto (ou seria o contrário?!) e as suas tantas regrinhas vão ter que engolir os teus textos!
hehe

Anônimo disse...

Não comparando o teu texto com o da Ananda, mas tu tocou num ponto importante: que ela se envolve com os atletas. (Sem malícia)
Ela é tri gente boa, vai na Sogipa, onde eu trabalho, direto. Inclusive, foi convidada pro casamento do João Derly. Amizade que ela criou nessas coberturas.
Gente boa, ela!

Luana Duarte Fuentefria disse...

ai, olha que máximo o novo trocinho do blogger!!!
vou sempre botar "loved it" pra ti! huhuhu

Carolina Tavaniello P. de Morais disse...

samir, o que eu vou dizer não é uma crítica, portanto não leve pra esse lado...
tu consegue escrever textos puramente jornalísticos?? hehehe
mas eu gostei, viu!
beijos

Samir Oliveira disse...

Carol, consigo sim. Mas, para isso, o texto tem que ser um texto puramente jornalístico. Um texto sobre a Alice Bastos jamais sairia em jornal algum. Nem forçando muito. Então, se é para entrar no reino do faz de conta, eu me solto mais (sem nenhum sacrifício ou "culpa") dos rígidos padrões de texto jornalístico.

Unknown disse...

sumiu o trocinho que te falei!!!
juro que tinha umas estrelinhas embaixo do texto...

(vou aguardar curiosíssima a descrição da minha careta)

Anônimo disse...

ai, ai... esporte me dá um cansaço...

Alice Bastos Neves disse...

Eis que estava viajando por este mundo virtual e acabei parando aqui. Lisongeada, sem dúvida. Primeiro porque nem sabia que teriam que ser produzidos textos sobre aquele bate-papo tão despretencioso. Segundo, e ainda mais importante, por ver que alguém conseguiu falar daquela manhã, tão corriqueira, com palavras tão bem escolhidas.
Samir, obrigada. Nessas linhas aí em cima tudo parece mais legal, mais interessantes, mais bonito. Não mereço isso tudo não.
Vou te confessar que li os comentários e não resisto a falar sobre eles também.
No jornalismo nem sempre temos notícias fantásticas, acontecimentos marcantes, fontes interessantes na mão. Aliás, na maioria das vezes não temos nada disso. Portanto, na singela opinião de quem ainda está aprendendo, teu texto é sim super jornalístico. Prestamos um serviço contando histórias e faz parte da nossa missão deixa-las mais interessantes. Que chato seria o mundo para os leitores, telespectadores, ouvintes, se não enfeitássemos o dia-a-dia. Parabéns pelo texto. Independente do caminho que sigas, e opções aparecem aos montes, tu sabes, a mim só vai restar assistir: que belo jornalista vem por aí! Abração!

Alice Bastos Neves disse...

Só pra constar: lisonjeada e despretensioso, além da falta de acento no deixá-la. Isso é que dá escrever as pressas, não revisar e só ler depois que postou! Muito pra aprender ainda Dona Alice!Beijo Samir!!!