
Os dois estão transando. A dança dos corpos é rítmica e envolvente como, de resto, é qualquer transa consentida. De repente, o armário se abre e saem dois garotos. A menina, amarrada e vendada, não percebe o movimento dos intrusos. O menino, morrendo de rir, é cúmplice.
Reconhece a cena? Longe – ou nem tanto - de ser um quadro dadaísta, a moldura acima retratada é um fragmento de “Cama de Gato”. O filme mais perturbador que meu modesto repertório já conheceu. Seguramente, o mais escabroso e delicioso de todos. Tanta repugnância junta chega a aliviar a alma. Lavá-la. Enfim, o mundo não é perfeito. Enfim, não há perseguições alucinadas nem efeitos especiais. A insanidade é crua e nojenta. Podre. Chula. Embutir esse conceito numa perspectiva de realidade é o que mais atormenta.
A insanidade apavora tanto por vir acompanhada da realidade, ambas revestidas pelo manto transparente da ficção. É isso que fez Sérgio Stockler ao dirigir o longa: travestiu essas duas inimigas numa obra sem igual que consegue debochar de toda a complexidade do mundo contemporâneo sem fazer rir. E, provavelmente, sem ter consumido muitos réis. Afinal, quanto é preciso para pagar o cachê de três jovens e alguns coadjuvantes, expor órgãos genitais a esmo e, ainda, um ânus que passa rápido (contraindo-se!) pelos olhos assustados como uma tentativa pútrida de mensagem subliminar? Esse valor, seja ele qual for, é o preço da realidade.
Mas o melhor vem depois. As opiniões débeis da juventude de classe média brasileira confirmam os inenarráveis conceitos do filme. Filme que, realmente, deixa uma marca no espectador. Um TRAUMA, que seja. Filme que deve ser visto e odiado por todos. Pois só a hipocrisia do ódio pode denotar o erro. Que erro? Não sei. Veja você e tente achar o seu.
Imagem: overmundo
Reconhece a cena? Longe – ou nem tanto - de ser um quadro dadaísta, a moldura acima retratada é um fragmento de “Cama de Gato”. O filme mais perturbador que meu modesto repertório já conheceu. Seguramente, o mais escabroso e delicioso de todos. Tanta repugnância junta chega a aliviar a alma. Lavá-la. Enfim, o mundo não é perfeito. Enfim, não há perseguições alucinadas nem efeitos especiais. A insanidade é crua e nojenta. Podre. Chula. Embutir esse conceito numa perspectiva de realidade é o que mais atormenta.
A insanidade apavora tanto por vir acompanhada da realidade, ambas revestidas pelo manto transparente da ficção. É isso que fez Sérgio Stockler ao dirigir o longa: travestiu essas duas inimigas numa obra sem igual que consegue debochar de toda a complexidade do mundo contemporâneo sem fazer rir. E, provavelmente, sem ter consumido muitos réis. Afinal, quanto é preciso para pagar o cachê de três jovens e alguns coadjuvantes, expor órgãos genitais a esmo e, ainda, um ânus que passa rápido (contraindo-se!) pelos olhos assustados como uma tentativa pútrida de mensagem subliminar? Esse valor, seja ele qual for, é o preço da realidade.
Mas o melhor vem depois. As opiniões débeis da juventude de classe média brasileira confirmam os inenarráveis conceitos do filme. Filme que, realmente, deixa uma marca no espectador. Um TRAUMA, que seja. Filme que deve ser visto e odiado por todos. Pois só a hipocrisia do ódio pode denotar o erro. Que erro? Não sei. Veja você e tente achar o seu.
Imagem: overmundo